PRIVATE LIVES . Susana Borges |
P R I V A T E L I V E S
Apresentado no Auditório do Casino do Estoril de 7 de Fevereiro a 2 de Março de 2019.
Martinho Silva, Suzana Borges, II Acto, foto de ensaio.
A PEÇA
Private Lives é considerada o melhor exemplo das sofisticadas comédias de Noel Coward, um dos mais proeminentes dramaturgos da sua época. Um estrondoso sucesso, tanto de crítica como comercial, desde a primeira produção em 1930, Private Lives continua um modelo de repertório e de entretenimento há várias décadas.
A acção da peça centra-se num casal divorciado, Elyot e Amanda, que se encontram em segunda lua de mel com os seus respectivos novos esposos. Perante a evidência de que ainda se amam e de que nunca se deveriam ter divorciado, abandonam os novos esposos e fogem os dois, embora rapidamente voltem às mesmas violentas discussões que acabaram por minar o seu tempestuoso casamento. Esta é a situação, simples, e de algum modo artificial, que proporciona toda a estrutura que Coward necessita para exercer o seu espírito excêntrico e a sua aprimorada carpintaria de comédia, que são os pontos fortes da peça. Os protagonistas satirizam as hipocrisias e pretensões das maneiras e convenções sociais modernas e procuram o amor verdadeiro em detrimento da ruína das suas reputações. No entanto, assim que se libertam do "mundo exterior" as suas pulsões mais profundas e ciúmes ( as suas "vidas privadas") consomem-nos, prendendo-os num círculo vicioso de amor e ódio.
Coward desenha uma comédia bem ritmada, passando da infelicidade ao total absurdo. Levados pelo cinismo e pela irreverência, as suas glamorosas personagens de classe alta parecem incapazes de levar qualquer coisa a sério, por muito tempo— um traço que se tem provado contagiar também o público. Coward acreditava firmemente que o teatro existia para divertimento das pessoas, não para as escrutinar ou moralizar. Nesta perspectiva. Private Lives é considerada um dos duradouros sucessos do teatro moderno de comédia.
Suzana Borges, Martinho Silva, II Acto, foto de ensaio,
O ESPECTÁCULO
Suzana Borges e Maria Dias, III Acto, foto de ensaio
É uma comédia para actores sofisticados, e arrojados, que põe à prova a nossa capacidade de sair das fronteiras do naturalismo, ou da comédia mais banal, para nos lançarmos um divertimento de comédia anglo-saxónica dos anos 30 e 40. Quiz que o cenário e os figurinos, da responsabilidade de Ana Paula Rocha, acompanhassem o estilo elegante e despojado do período Déco, e os dois cenários fazem um contraponto entre os terraços das suites do hotel em Deauville, sobre o mar e ao ar livre, em que o reencontro de Amanda e Elyot, suscita uma inesperada maré, e o ambiente monumental do apartamento da Avenue Montaigne de Amanda onde a paixão adiada por cinco anos se consuma e confirma para desespero dos novos esposos, e renovada surpresa de Amanda e Elyot.
Martinho Silva, Guilherme Barroso, III Acto, foto de ensaio.
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